Thursday, October 07, 2010

Ensaio para uma pequena segueira

os olhos abrindo aos poucos...
não vejo nada ainda.

Será que verei amanhã?

Nos jardins de Adônis

engarrafados na embriaguês da manhã
(uma manhã qualquer que se arrasta preguiçosa desde a noite)
os olhinhos dela
atravessando os sonhos
e o membro dele atravessa

É o choque dos corpos que aletriza
as asas da borboleta gigante
e Safo escreveu:

"Olho-te por uns instante e, então, não posso mais falar;
minha língua serpenteia e, logo, um fogo percorre minha
carne. Nada vejo com meus olhos, meus ouvidos zum-
bem, o suor poreja, um temor me assalta, fico mais verde
que a grama e parece que estou morrendo um pouco."
é isso. Os sapos entraram em extinção. Também as rãs e pererecas.
fomos pegos na armadilha de dentes de ferro
das nações punhos cerrados com ouro nos olhos
falácias são nauseabundas.

Só a ficção salva.