Friday, August 09, 2013

Acreditar...

em mim mesma não será mesmo 
suficiente?
Acreditar na natureza mítica da 
linguagem; 
mítica, portanto mágica.
Será preciso mesmo ter um 
dogma, 
mesmo sabendo que dogmas são 
invenções humanas? 
São apenas linguagem. 
Acreditar na linguagem não é um
"apenas"
parece muito, parece tudo, mas 
parece 
ainda que não basta! 
Talvez haja mesmo algo que 
manipule nossa insignificância de 
poeira dentro do espaço. 
Algo que não pode ainda e 
talvez nunca será, 
alcançado pela linguagem.
dias de vida carioca: acordar cedo e pegar duas conduções de ida e duas de volta. Não dá nem pra tomar fotos pela velocidade e os solavancos do ônibus, além disso as janelas sempre estão extremamente empoeiradas. Comer um dia em cada lugar e caminhadas como meio de transporte.
Chuva na cidade -  Caraca-ê!
A Lapa é suja e cheia de bares. Higiene não é prioridade. A cerveja no fim do dia pode ser consumida numa mesinha miúda embaixo do toldo do boteco. Um "Bar Jeca".
As mulheres são lindas, elegantes, leves. Todos são solícitos com os forasteiros.
Santa Teresa é um lugar no tempo passado, ou pode ser também uma pintura colorida.
O Piva; bem, o Piva está completamente deslocado: Encaixotado em caixas brancas, etiquetadas e manuseadas com luvas de látex por alguém que veste jaleco hospitalar. Já é difícil ler Piva numa ilha provinciana, imagine num lugar estéril como este.
Sinto falta do cinza do concreto e dos arranha-céus espalhados para ler meu bom e velho Piva.
Por outro lado, acho que ele gostaria daquele lugar chamado a "Casa do Mago". Extremamente chamativo e incrivelmente brega, com um São Jorge gigantesco montado em seu cavalo, rodeado de espadas plantadas na lua. O Piva está no vendedor de balas que entra no ônibus, está no menino que anuncia por onde passa a combi, com o volume todos dos pulmões. Está nos doidinhos que surgem aos montes, nas favelas apinhadas. Em fevereiro. É o Piva xamânico que encontrei aqui, nesta cidade orgulho e terror do Brasil.
Hoje, sexta 13 a transportadora não chegou a tempo para a estreia do filme "Na Estrada", dirigido por Valter Salles, baseado no On the Road do Kerouac. Queria ser a primeira da turma a assistir. Não deu.
Sempre tem um doidinho feliz no ônibus falando da guerra entre a polícia e os bandidos -  e o futum!!!
Agora é papo de doidos, eles se entendem. O carioca não gosta de São Paulo.
julho de 2012. Escrito no caderno de anotações.