Tuesday, April 24, 2007

traje retrô

Preservice
Overservice
Unservice
não servilismo
sem acordo
vamos celebrar
com blackout
dá pra ver
todas as estrelas
a moça de baixo
reclama
a luz voltou
que pena
já que não posso
estar lá
fico aqui mesmo
o Preservice para
a Macedônia
tão longe que minha
imaginação nem alcança
imagino uma visita à
São Paulo
Seu Paulo vai gostar
do meu jantar
juntar os dias
todos na mala
e daqui vou
pra lá
ir pro museu
ver um show
e comer no Bexiga
dar uma vasculhada
talvez encontre
Mário
ou até o Modernismo
sem casa
num traje retrô
mendigando poesia
pelas ruas do
super-giro capital
non-black-out

praia mar amor

Lua marinha brilha num sorriso
longe e fácil
pra infantilizá-la: uma gota de drama

O ibisco incolor mergulha na'reia
sob nossos pés
um quando é eterno
na aventura do sem rumo
praia, mar, amor e tudo bem

Fomos furando o lusco-fusco
do dia que ficou velho
aos olhos.
Fogueira de sol lá atrás dos montes
tato de gato para saber o que pisar
Eu corro de vagarinho para
não perder a hora

A hora na eternidade é muito rápida
mas tudo bem, há
praia, mar, amor
praiamaramor

pra iamaramor

prai amaramor

praiama ramor

praia mar amor

nus na noite

Saturday, April 14, 2007

O silêncio do grilo

A Lua faceira
personagem primeira do quadro deste quarto
vê tudo.
Talvez veja rápido, um susto de momento.
Momento pleno
cheinho de transcendências.
Nosso tema é pele, fricção, calor.
A água de mim
a água do tapete
a água do copo
Fomos feitos de fala, estalos mentais
e poesia.
Deslize num texto que revela múltiplas esferas
pulamos de uma para a outra
bolha macia e límpida dos bons encontros.
Encontro em mim, pulso em mim.
E se vejo a imagem curiosa do teu silêncio,
tenho pressa!
Busco ver-me no espelho
da cara raspada a cada dia da semana,
a cada passo.
Milésimo olhar luminoso que não deixa a noite
ser toda noite;
Milésimo raio silente entra estreito pela janela;
Milésimo som que cala o grilo denunciante
da fadas.
Milésimo toque esculpe o corpo pronto;
Milésimo segundo que a lua nos olha
sem curiosidade e nem juízo
sem apagar o sorriso faceiro
sem vergonha, olha
e só olha.

Três cores do Cinco

Caminhei com muita, muita pressa.
Toda sorte de idéias insistentes estavam ali, num cutuque interminável, insuportável.
Inebriada no devaneio encontrei umHierofante lindo!
Tinha uma estrela no peito.
Cinco pontas revelavam o que outrora havia sido um menino.
Levava um cajado de três esferas em sua mão direita.
Três Alephs que mostravam ali o completo universo;
as três eras, o sim, o não e o entre.
O Hierofante me contou sim, sobre cada uma delas.
Falou da esfera vermelha onde tudo acontece para configurar os homens
sendo esta a primeira, a do exterior
onde se dão os nomes e as formas.
Muitas vezes opressora
quase sempre onde a servidão é engolida pelos milhares de Minotauros
que são muito mais homens, canibais.
Falou-me também da esfera negra;
a mais complexa e paradoxal.
Aquela que contém o tudo e o nada, o zero e o menos um.
Onde nos perdemos e nos encontramos infinitamente,
o que configura o templo interno, profundo e enigmático das paixões
que nunca conseguimos desvendar,
é que nos pede para ser deste jeito, assim.
E para o fim do começo, me contou sobre a esfera que é um azul,
onde a história é contada.
Uma esfera mais de ontens do que de hojes.
Lá, as outras duas se encontram.
Formam as linhas de pensamento que a cada tempo
um homem quis dar um nó para iniciar outra costura.
Alí há guerra, tortura, insanidade, o abjeto, o feio, o resto, a arte, o holocausto.
Ali estão as trajetórias dos pensantes, dos inconformados, dos sábios e dos errantes.
Ali está a filosofia que pinta os óculos dos viventes,
que sejam flâneur entre a gente ou
apenas um voyeur do lado de fora do cajado trisférioco,
da trindade humana que carrega Hierofante.
Não falamos de infinito, assim era o momento
não há como falar do momento vivendo ele.
Minhas reminiscências escoam para um beco onde há o todo.
O Hierofante esteve intensamente dentro de mim
e a ele dei-lhe minha melhor parte.
Percorremos do vermelho ao azul, ao negro,
ao vermelho, ao negro, ao azul, ininterruptamente.
Apresentou-me ditadores, artistas e loucos
no curso da intensidade do deslize pelo corpo
templo maravilhoso abandonado à natureza.

Thursday, April 05, 2007

Um dia mais Lindo

Hoje acordei com olhos de beleza
cabelos de vento e pele de fruta.
Meu corpo sentia todo como um
rio sinuoso e forte
correndo silencioso
por entre o barulho rápido
da pequena parte da civilização
onde agora existo.
Agora existo!
Vivo, porque encontrei
claro pulso no teu olhar
escuro e profundo
que me contempla como
o rio sinuoso e fundo
imagem de mim.
Você, meu carinho
eu, teu fogo
nos desvendando
palmo a palmo
beijo a beijo
carne a carne.

Wednesday, April 04, 2007

Olhinhos de Bicho


O bem-te-vi lá
de cima da antena
disse que me viu
aqui bem escondida.
Ele bem que me viu
na hora errada
quando em vez de me concentrar
me distraía.
Acordei do devaneio azul
quando disse num pio
que eu estava alí
contemplando
o espaço vazio.