Saturday, April 14, 2007

Três cores do Cinco

Caminhei com muita, muita pressa.
Toda sorte de idéias insistentes estavam ali, num cutuque interminável, insuportável.
Inebriada no devaneio encontrei umHierofante lindo!
Tinha uma estrela no peito.
Cinco pontas revelavam o que outrora havia sido um menino.
Levava um cajado de três esferas em sua mão direita.
Três Alephs que mostravam ali o completo universo;
as três eras, o sim, o não e o entre.
O Hierofante me contou sim, sobre cada uma delas.
Falou da esfera vermelha onde tudo acontece para configurar os homens
sendo esta a primeira, a do exterior
onde se dão os nomes e as formas.
Muitas vezes opressora
quase sempre onde a servidão é engolida pelos milhares de Minotauros
que são muito mais homens, canibais.
Falou-me também da esfera negra;
a mais complexa e paradoxal.
Aquela que contém o tudo e o nada, o zero e o menos um.
Onde nos perdemos e nos encontramos infinitamente,
o que configura o templo interno, profundo e enigmático das paixões
que nunca conseguimos desvendar,
é que nos pede para ser deste jeito, assim.
E para o fim do começo, me contou sobre a esfera que é um azul,
onde a história é contada.
Uma esfera mais de ontens do que de hojes.
Lá, as outras duas se encontram.
Formam as linhas de pensamento que a cada tempo
um homem quis dar um nó para iniciar outra costura.
Alí há guerra, tortura, insanidade, o abjeto, o feio, o resto, a arte, o holocausto.
Ali estão as trajetórias dos pensantes, dos inconformados, dos sábios e dos errantes.
Ali está a filosofia que pinta os óculos dos viventes,
que sejam flâneur entre a gente ou
apenas um voyeur do lado de fora do cajado trisférioco,
da trindade humana que carrega Hierofante.
Não falamos de infinito, assim era o momento
não há como falar do momento vivendo ele.
Minhas reminiscências escoam para um beco onde há o todo.
O Hierofante esteve intensamente dentro de mim
e a ele dei-lhe minha melhor parte.
Percorremos do vermelho ao azul, ao negro,
ao vermelho, ao negro, ao azul, ininterruptamente.
Apresentou-me ditadores, artistas e loucos
no curso da intensidade do deslize pelo corpo
templo maravilhoso abandonado à natureza.

3 comments:

Clóvis Eduardo said...

Vc leu "O Vermelho e o Negro" de Stendhal?

Sofia Guerra said...

Não! Tem online? É um poema? Um romance? Quem é Stendhal? O que tem que ver com o que escrevi?

Clóvis Eduardo said...

1) Tem online? Por enquanto só em frances, mas procurando bem se acha.. http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_autor=1215

2) É um poema? Não, é um romance muito influente e de grande sensualidade

3) É um poema? Sim "Em 1830 aparece sua primeira obra-prima: O vermelho e o Negro , uma crônica analítica da sociedade francesa na qual Stendhal representou as ambições de sua época e as contradições da emergente sociedade de classes, destacando sobretudo a análise psicológica dos personagens e o estilo direto e objetivo da narração

Quem é Standhal? Um escritor francês nascido em 1783 conhecido pelas brilhantes análises psicológicas dos seus personagens he he

O que tem que ver com o que escrevi? R: É sensual e direito (com muitas diferenças, claro). Achei que vc tinha lido porque fala em vermelho e negro várias vezes, poderia ser uma mensagem subliminar mas acho que a minha imaginação foi longe demais.. Se é que a imaginação pode ir longe demais