Saturday, April 14, 2007

O silêncio do grilo

A Lua faceira
personagem primeira do quadro deste quarto
vê tudo.
Talvez veja rápido, um susto de momento.
Momento pleno
cheinho de transcendências.
Nosso tema é pele, fricção, calor.
A água de mim
a água do tapete
a água do copo
Fomos feitos de fala, estalos mentais
e poesia.
Deslize num texto que revela múltiplas esferas
pulamos de uma para a outra
bolha macia e límpida dos bons encontros.
Encontro em mim, pulso em mim.
E se vejo a imagem curiosa do teu silêncio,
tenho pressa!
Busco ver-me no espelho
da cara raspada a cada dia da semana,
a cada passo.
Milésimo olhar luminoso que não deixa a noite
ser toda noite;
Milésimo raio silente entra estreito pela janela;
Milésimo som que cala o grilo denunciante
da fadas.
Milésimo toque esculpe o corpo pronto;
Milésimo segundo que a lua nos olha
sem curiosidade e nem juízo
sem apagar o sorriso faceiro
sem vergonha, olha
e só olha.

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