Tuesday, December 26, 2006

CHRONOS


O tempo que graceia nossa pele e nossa inteligência, corre eternamente.
Às vezes sentimos demorar de mais, e outras ele escorre sem que possamos aproveitar um instante se quer.
A vida nesta terra, que é um mistério, é feita destes punhados de tempo.
Uns trabalham, outros nem tanto, outros iniciam um projeto, um filho, um namoro, uma sala de Reiki, um parreiral...
Coisas que fazemos com esses punhados de tempo e coisas que aprendemos a perceber, só servem para nos engrandecer.
O tempo passa sem que possamos fazer nada além de celebrar cada momento. Celebrar o hoje, viver intensamente com gratidão, zelo e carinho.
Neste fim de ano celebremos a reunião, a comida, os amores como presentes da vida e sejamos pessoas nobres, leais, honestas e lutemos pela felicidade.
Que saibamos reconhecer nossos erros, aceitar as diferenças, dar para receber e proteger quem amamos.
Com o tempo as asas dos filhos crescem e eles precisam ser jogados para fora de seus ninhos. Os pássaros fazem isso porque confiam na força que deram a seus filhotes para voar. Que os pais não tenham medo de empurrar seus filhos ao desconhecido, e que os filhos vençam o medo para se lançarem ao infinito.
Sem medo de tentar, sem medo de correr riscos, sem medo de olhar nos olhos nebulosos de Chronos, o Tempo. Assim seremos pessoas fortes, plenas e felizes.

Wednesday, December 20, 2006

Mercúrio no corte é te conhecer.
Ardido remédio para a ferida, coração.
Tua água, minha água, nossa enchente, quente.
Te carrego em minha nave pra atravessar Saturno,
Caleidoscópico mergulho na vida do dia.
Encontro no labirinto menos denso, menos grave de você
Um camaleão para me colorir ainda mais de mistério; e soluço
Leio mais uma vez teu recado impresso em mim
nao dá pra esquecer.
Tira a roupa, quero o teu vazio
lugar para brilhar minha estrela.
Um e dois, eu e você no acaso bonito do erro.
Há um lugar pra ti aqui
Seja assim, encanto.

Wednesday, November 22, 2006

BOCA ABERTA MASTIGA E COME... sujeira, esponja, banho, cama, travesseiro, sono, carro, trabalho, rotina, cerveja, TV, futebol, joelhos, terço, missa, domingo, churrasco, família, multa, tédio, rotina, pressa, contas, banco, noite, drink, beijo, desejo, secreção, sexo, revolta, paixão, abandono, crime, fuga, grito, tiro, sangue, ferida, ungüento, esconderijo, grana, tesão, secreção, sexo, tensão, perseguição, cocaína, disfarce, passagem, avião, TV, futebol, cerveja, dólar, euro, bolsa, esquecimento, tempo, dinheiro, influência, prestígio, Brasília, conversão, igreja, aleluia, CARAS... BOCAS ABERTAS SALIVAM E TÊM FOME.

Sunday, November 05, 2006

A dor

A dor do corte
A dor da queda
A dor da quebra
A dor da morte
A dor do músculo latejante
A dor do nervo pulsante
Da falta de ar
Do medo de amar
A dor da ira
A dor do berro
A dor da ferida
A dor do ferro
A dor do sexo
A dor do horror
Da doença
Da crença
Da esperança e da flor
Ela passeia pelo corpo ruidosa de escândalo.
A dor da cabeça e seu grito
A dor do pescoço e seu estalo
A dor do peito e das costa
A dor dos quadris e seu choro
A dor do ventre e seu desespero
A dor das pernas e dos pés
Dor é sempre eterna quando dói.
A dor da agulha
Que pinta, que entorpece, que cura.
As dores que tanto sinto, me lembram que vivo;
Vivo na trilha da dor do prazer.

Monday, October 30, 2006

Um inebriante descontrole

Teu silêncio pesa minha boca colada no escuro,
E a cortina de estrelas se desmonta ruidosa
De cacos sobre nossas cabeças.
É a minha vibração de calar que te fala o desejo.
Teu cheiro naquele abraço curto, quente,
Embaraçado, me convidava a querer ficar
Mais um pouco no calor macio dos teus braços.
Num salto abre-se um espaço de uma vida
De distância, até a próxima vez que eu te
Encontrar, ainda distante.
E aí vou me derramar dentro do sonho,
Dentro do flerte cortante do teu olhar.

Pequena série de coisas sem fim

Fome do homem
Sono do gato
Delícia do ato

Corte na carne
Apito da praia
Tomates a quem vaia

Botão para a camisa
Botão para vitrola
Botão do elevador

Amiga Marisa
Vizinha carola
Pão e pescador

O sim, a mão, grana
Casa para quem ama
E amanhã tudo de novo

Monday, October 02, 2006

A MÁQUINA DO MUNDO

E como se não houvesse metafísica
Nexo ou ciência formidável
Para vendar o que de certo se vê

Com olhar torto, o eco das edificações
O brilho das edificações, o glamour
Das edificações, a majestade da edificações

A natureza mítica das edificações
Em constante evolução plástico-metálica-cinzenta
Pelo espaço vertical do tempo.

A bela ordem geométrica da fumaça anônima
Por onde os raios de sol apontam
Ainda que dolorosamente ardentes,

Para iluminar e contemplar a desordem
Proposta pelos mesmos corações solitários
Impregnados de ciência, metafísica e nexo.

A máquina do mundo vem descendo o morro
Lenta e forte, abastecida de bala, pó e sangue
É Moloch, o comedor de sonhos, trabalhos e vidas.

É o movimento da periferia ao centro,
O transbordamento das margens enegrecidas
E ácidas de canos de ferro e silêncio.

A máquina do medo, não há morte que a pare,
A máquina do poder, não há lei que a cesse,
A maquina do vício, não abstinente.

E como se houvesse um nexo, uma ciência
E uma metafísica explicativa, demonstrativa
Operante e destrutiva

Que deslocada do cartesianismo compra o
Nexo das facções guerrilheiras e vende segurança.
A máquina do mundo é tolerável e não pára.

Saturday, September 16, 2006

Mesmo assim...amor

Ela não suportava o fato de ele ser tão leve.
Não suportava que ele sorrisse tão bruscamente, que fosse dissoluto, que não sentisse culpa.
Ela não segurava o soluço amargurado ao contemplar a libertinagem pútrida dele. E lhe doía a úlcera aberta e nauseabunda.
Ela não lhe agüentava o desprendimento e a renúncia. A graça, a agilidade e a força de lobo.
Ela não era capaz de prende-lo a ela, a ela somente. De profunda que era precisava ser tomada por completo, ser preenchida densamente, tanto que sua existência fosse a dele também.
Mas não foi assim, nunca tinha sido. Ele tinha asas muito ágeis para não poder voar e ela, raízes muito profundas para não mergulhar.

Monday, August 28, 2006

Antes de você chegar


Estou degustando o prazer estranho da quietude.
Fico parada, silenciosa ouvindo tudo ao meu redor
como se disso dependesse minha sobrevivência.
Tenho o coração descompassado pelas horas que não passam,
tenho febre, e escrevo como se vomitasse o embrulho
que se acomoda dentro de mim.
Estou sofrendo de dor que não passa.
Uma dor aguda que me penetra.
É a dor da beatitude,
a dor do coração escancarado e cheio de paixão.
E assim me entrego ao silêncio ruidoso da noite,
ao silêncio pulsante de dentro.
Sou um gato de movimento lento
pra não acordar ninguém.
Mas esta ânsia me devora, por dentro, por fora,
acende e apaga a luz, pensa e esquece,
dorme e amanhece, parece nunca chegar ao fim.
Parei.
Estou contemplando a imobilidade mínima do meu corpo.
É frio, fresco, é bom.
E meu corpo enclausura a loucura desta noite,
a intensidade que se acumula neste pequeno mundo
de carne viva,
vai tencionando, tencionando só esperando
o momento da bombástica explosão metafísica do amor.

Thursday, July 27, 2006

E se foram os Ismos

Depois de tantos ismos que passaram como terremoto pelos movimento artístios europeus e até pela América Latina, parece que chegou o momento que misturar tudo. Os ismos desapareceram e deles restou um caldo cultural espesso, onde tudo arde, o tudo do nada é arte. O espaço em branco, o conjunto vazio o paradoxo intangível do pensamento humano são agora a arte que restou. Tudo já foi escrito, pintado e esculpido, o que virá depois disso? Continuo fazendo do meu presente o passado já escrito ainda antes de eu nascer, quando tudo era vanguarda, quando os movimentos não eram temerosos, quanto ainda havia alguma causa para manifestar. Levantar a bandeira por qualquer motivo que fosse seria ainda melhor do que não levantar bandeira alguma.
Talvez esta seja uma bandeira que agora levando, em manifesto contra esta apatia pós moderna que vejo flutuar como um gás entorpecente por entre toda a gente.

Monday, July 17, 2006

tic, tac, tic, tac, tic, tac

Na verdade meu tempo já se esgotou. Estou só esperando o momento em que o monstro intimidante da lei venha para arrombar meus ouvidos com seu berro surreal. Sei que ele virá e espero sem medo, enquanto isso aproveito as batidas do meu coração, as voltas do relógio e as sobras e sois do dia inteiro.

Friday, July 14, 2006

Poesia

Escrever poesia é um ósseo de escritor
Que não quer escrever prosa.
É também um caça-palavras no escuro
Que precede o sono, é quase sono.
Ao ver a tinta formando desenhos no papel
De forma tão linear
Dá até cansaço e vontade de logo acabar.
Mas rima não combina
Com desordem
Que eu prefiro...
beleza coisas e que sua
sua amarradas de costuradas
ditas também têm e
Desordem como que
adoram que ser podem
roupa ficar remendada
Arte. Unidas

Wednesday, July 12, 2006

O umbigo é o centro do mundo


Pequenos vermes se agrupam tremelicos, espumosos em suas bocas olhando para o gigantesco mostro da civilização. Não há estrelas mais belas que o olhar de terror lacrimoso de criaturas combustíveis para a máquina carcerária trituradora. Estamos em tempos difíceis. Tempos de guerra entre criminosos e criminosos que são polícia,que são política, que são escória e minoria armada. Estamos imóveis no meio da guerra do oportunismo escancarado, com náusea, dor de sacies,que só com o encostar de dedo na boca pode fazer regurgitar toda a indignação silenciosa dos que nada vêem e dos que nada querem ver.
Digo que não há mais poesia, nem arte, nem, música, nem beleza, nem delícia, que não seja produto à venda com data de fabricação e validade. Quem chega ates pega o melhor, por um bom custo benefício. É o mercado devorador de sonhos, devorador do sono dos maridos e das esposas.
A apatia é tanta que chega a derreter qualquer faísca de revolução. Nada de perguntas, nada de indagações nem vozes mais altas que a dos grandes senhores. Desde os anos 20 a revolução verdadeira sempre foi uma só, a do proletariado. Mas onde está o proletariado do Brasil? Será que se transformou num animal em extinção como tantos outros já dizimados?
Na floresta agora uivam os homens das cavernas, à procura da caça que corre, que nada, que voa. Agora correm velozes as pestes e bactérias, subindo pelas raízes e fazendo apodrecer o presente, fazendo denso o ar, fazendo azeda a água que corre sem cessar.
Gota em gota num barulho de eco lambuzado, onde o gato vai refrescar a língua a cada duas horas.
Eu tenho pena de ti Sr. Moderno. Tem tudo mas não tem dada. Vai se candidatar para a presidência da república com o rabo preso lá na entrada da porta de casa cidadão. Eu tenho pena de ti Sr. Modesto. Não tem nada mas tem tudo. Dá tudo que tem quanto tem um pouco de tudo. Sempre pouco!
Acostumamo-nos a viver com pouco. Pouca comida, pouca bebida, pouca educação, pouca música, pouca arte, pouco conforto, pouca mordomia.
A apatia pós-moderna adormecida, entorpecida, trancafiada, embalada, vendida e consumida, é transformada mais uma vez em apatia pós-moderna.Jovens são assim, lábios desejosos de beijos e olhos nas estrelas, ao seu redor nada! Nada importa, o umbigo é o centro do mundo.

Tuesday, July 11, 2006

O mundo secreto de Sofia Guerra

Um pouco da história pessoal de Sofia Guerra.
Uma moça esguia e feia nasceu na Cidade do México em 12 de agosto de 1976. Sua mãe era das antigas e não quis ir para o hospital, seu pai, um homem grave que trabalhava muito, chamou então uma parteira para que a garota viesse ao mundo com certa segurança. Naquela época já era difícil achar este tipo de profissional mas seu pai conhecia algumas nativas que ainda praticavam tal magia. Sofia nasceu de um modo mágico, pelas mão de uma feiticeira das terras do México.
Não foi criada com muito amor pois sua mãe não sabia demostrar sentimentos e seu pai vivia para o trabalho. Estudou como toda criança deve fazer. Sempre foi muito calada e fria mas conheceu o amor fraterno quando ganhou sua irmã Carme Maria. Ela simplesmente amava aquela irmã. Ajudou cuidar dela desde o dia em que voltou do hospital (essa nasceu lá), e desde então sempre demonstrou muito carinho e cuidado para com sua querida amiga mais nova.
Sofia ia à igreja por obrigação, sempre foi muito obediente e sempre viveu em função da casa de sua mãe que virara uma pensão. Ela não estudou muito. Acabou o segundo grau e se satisfez em observar os tipos que vinham passar alguns dias na casa. Era uma boa cozinheira, fazia tacos como ninguém mas ninguém notava que ela estava por lá, e nem faziam idéia que muitas das deliciosas refeições quem preparava era ela.
Um dia receberam a visita de uma mulher misteriosa, parecia rica e era muito bonita. O pai de Sofia logo se engraçou pela mulher e começaram a ter um caso bem embaixo do nariz da sua mãe, mas ela não notava, ou fingia não notar. Mas Sofia que só parecia boba, já havia entendido tudo mas não fez absolutamente nada. Ela achava que aquilo era mais um tempero para sua imaginação efervescente. Ninguém fazia idéia de que Sofia só encontrava a verdadeira alegria e excitação, quando abria aquele caderno sujo e escrevia fervorosamente com aquele mesmo lápis, o lápis da sorte. Ela acreditava que nem era ela que escrevia tudo aquilo, era o lápis que se tornara um ente animado em suas mãos. Mundo estranho este de Sofia

Eu mesma e meus outros Eus

Hoje é o dia da criação!
Efervescência num copo d'água
mergulho no mar astronômico do nada
na bolha do espaço vazio
branco sobre branco
como luz tão clara que ofusca e desorienta
salto acrobático de um iniciante
polegar que é suco para minha água
e num gole....ahhhhh
sou um canibal!