Publico aqui duas páginas que merecem ser transportadas para o mundo virtual ou melhor, que merecem ser lidas por quem quer que seja.
22.08.07
Lua linda, farta que cresce bem. Nem parece uma ilusão, mais uma verdade espalhada em meu olhar. Acredito na Lua. Acredito tanto nela que já está refletida no meu sonhar. Acredito nela como acredito nesta música que não vejo, nesta eletricidade que não sinto, neste baralho que é poça derramada do universo pelas minhas, pelas suas mãos, um jogo para acreditar. Como a criança que vive sua brincadeira, brinco com um jogo chamado vida.
Terá virado mesmo um jogo? Quem joga? Quais são as peças? Nos confundimos, não é mesmo?
Devo criar ficções. A vida real é tão repetitiva! É um dormir e acordar, e dormir e acordar todo o santo dia! Deve haver uma nova idéia para mim. Como uma pedra no meio do caminho que me chame a atenção. Devo fazer um a ficção. Vou chamar Sofia, Virgínia e Evaristo, bons amigos para um conversa de bar, falando de suas dores. E na hora do horror, cantam a beleza como se quisessem hastear a bandeira da esquerda, do avesso, do diverso.
Sofia é do avesso, Virgínia é do correto, Evaristo do exagero e eu, a casa deles. Casa de passarinho.
Hoje celebro o beijo. Mesmo assim não dei beijos de amor.
23.08.07
Estou vazia. Transbordei. Parece que tudo que havia aqui dentro deste coração do tamanho do mundo transbordou. Sei que sempre há mais, é só apertar forte. Mesmo assim sinto, estou vazia, leve, transparência normal. Hoje tiraram um raio x do meu tórax, tão inumano naquela foto negativa, plástico-laudo necessária para a burocracia de todos os dias. Vazei no raio x. Disseram que meu coração reluzia e meu pulmão era lúcido. O branco genérico liquido mãe, sai do meu ventre que não é filho. Mas é igual. Todo filho sai e vai embora. Tudo vai vazando, lacrimejando, escorrendo, transbordando deste corpo que se liquefaz e sai de si. O escrito inteiro na página.
Ibriela Bianca