Thursday, July 27, 2006

E se foram os Ismos

Depois de tantos ismos que passaram como terremoto pelos movimento artístios europeus e até pela América Latina, parece que chegou o momento que misturar tudo. Os ismos desapareceram e deles restou um caldo cultural espesso, onde tudo arde, o tudo do nada é arte. O espaço em branco, o conjunto vazio o paradoxo intangível do pensamento humano são agora a arte que restou. Tudo já foi escrito, pintado e esculpido, o que virá depois disso? Continuo fazendo do meu presente o passado já escrito ainda antes de eu nascer, quando tudo era vanguarda, quando os movimentos não eram temerosos, quanto ainda havia alguma causa para manifestar. Levantar a bandeira por qualquer motivo que fosse seria ainda melhor do que não levantar bandeira alguma.
Talvez esta seja uma bandeira que agora levando, em manifesto contra esta apatia pós moderna que vejo flutuar como um gás entorpecente por entre toda a gente.

Monday, July 17, 2006

tic, tac, tic, tac, tic, tac

Na verdade meu tempo já se esgotou. Estou só esperando o momento em que o monstro intimidante da lei venha para arrombar meus ouvidos com seu berro surreal. Sei que ele virá e espero sem medo, enquanto isso aproveito as batidas do meu coração, as voltas do relógio e as sobras e sois do dia inteiro.

Friday, July 14, 2006

Poesia

Escrever poesia é um ósseo de escritor
Que não quer escrever prosa.
É também um caça-palavras no escuro
Que precede o sono, é quase sono.
Ao ver a tinta formando desenhos no papel
De forma tão linear
Dá até cansaço e vontade de logo acabar.
Mas rima não combina
Com desordem
Que eu prefiro...
beleza coisas e que sua
sua amarradas de costuradas
ditas também têm e
Desordem como que
adoram que ser podem
roupa ficar remendada
Arte. Unidas

Wednesday, July 12, 2006

O umbigo é o centro do mundo


Pequenos vermes se agrupam tremelicos, espumosos em suas bocas olhando para o gigantesco mostro da civilização. Não há estrelas mais belas que o olhar de terror lacrimoso de criaturas combustíveis para a máquina carcerária trituradora. Estamos em tempos difíceis. Tempos de guerra entre criminosos e criminosos que são polícia,que são política, que são escória e minoria armada. Estamos imóveis no meio da guerra do oportunismo escancarado, com náusea, dor de sacies,que só com o encostar de dedo na boca pode fazer regurgitar toda a indignação silenciosa dos que nada vêem e dos que nada querem ver.
Digo que não há mais poesia, nem arte, nem, música, nem beleza, nem delícia, que não seja produto à venda com data de fabricação e validade. Quem chega ates pega o melhor, por um bom custo benefício. É o mercado devorador de sonhos, devorador do sono dos maridos e das esposas.
A apatia é tanta que chega a derreter qualquer faísca de revolução. Nada de perguntas, nada de indagações nem vozes mais altas que a dos grandes senhores. Desde os anos 20 a revolução verdadeira sempre foi uma só, a do proletariado. Mas onde está o proletariado do Brasil? Será que se transformou num animal em extinção como tantos outros já dizimados?
Na floresta agora uivam os homens das cavernas, à procura da caça que corre, que nada, que voa. Agora correm velozes as pestes e bactérias, subindo pelas raízes e fazendo apodrecer o presente, fazendo denso o ar, fazendo azeda a água que corre sem cessar.
Gota em gota num barulho de eco lambuzado, onde o gato vai refrescar a língua a cada duas horas.
Eu tenho pena de ti Sr. Moderno. Tem tudo mas não tem dada. Vai se candidatar para a presidência da república com o rabo preso lá na entrada da porta de casa cidadão. Eu tenho pena de ti Sr. Modesto. Não tem nada mas tem tudo. Dá tudo que tem quanto tem um pouco de tudo. Sempre pouco!
Acostumamo-nos a viver com pouco. Pouca comida, pouca bebida, pouca educação, pouca música, pouca arte, pouco conforto, pouca mordomia.
A apatia pós-moderna adormecida, entorpecida, trancafiada, embalada, vendida e consumida, é transformada mais uma vez em apatia pós-moderna.Jovens são assim, lábios desejosos de beijos e olhos nas estrelas, ao seu redor nada! Nada importa, o umbigo é o centro do mundo.

Tuesday, July 11, 2006

O mundo secreto de Sofia Guerra

Um pouco da história pessoal de Sofia Guerra.
Uma moça esguia e feia nasceu na Cidade do México em 12 de agosto de 1976. Sua mãe era das antigas e não quis ir para o hospital, seu pai, um homem grave que trabalhava muito, chamou então uma parteira para que a garota viesse ao mundo com certa segurança. Naquela época já era difícil achar este tipo de profissional mas seu pai conhecia algumas nativas que ainda praticavam tal magia. Sofia nasceu de um modo mágico, pelas mão de uma feiticeira das terras do México.
Não foi criada com muito amor pois sua mãe não sabia demostrar sentimentos e seu pai vivia para o trabalho. Estudou como toda criança deve fazer. Sempre foi muito calada e fria mas conheceu o amor fraterno quando ganhou sua irmã Carme Maria. Ela simplesmente amava aquela irmã. Ajudou cuidar dela desde o dia em que voltou do hospital (essa nasceu lá), e desde então sempre demonstrou muito carinho e cuidado para com sua querida amiga mais nova.
Sofia ia à igreja por obrigação, sempre foi muito obediente e sempre viveu em função da casa de sua mãe que virara uma pensão. Ela não estudou muito. Acabou o segundo grau e se satisfez em observar os tipos que vinham passar alguns dias na casa. Era uma boa cozinheira, fazia tacos como ninguém mas ninguém notava que ela estava por lá, e nem faziam idéia que muitas das deliciosas refeições quem preparava era ela.
Um dia receberam a visita de uma mulher misteriosa, parecia rica e era muito bonita. O pai de Sofia logo se engraçou pela mulher e começaram a ter um caso bem embaixo do nariz da sua mãe, mas ela não notava, ou fingia não notar. Mas Sofia que só parecia boba, já havia entendido tudo mas não fez absolutamente nada. Ela achava que aquilo era mais um tempero para sua imaginação efervescente. Ninguém fazia idéia de que Sofia só encontrava a verdadeira alegria e excitação, quando abria aquele caderno sujo e escrevia fervorosamente com aquele mesmo lápis, o lápis da sorte. Ela acreditava que nem era ela que escrevia tudo aquilo, era o lápis que se tornara um ente animado em suas mãos. Mundo estranho este de Sofia

Eu mesma e meus outros Eus

Hoje é o dia da criação!
Efervescência num copo d'água
mergulho no mar astronômico do nada
na bolha do espaço vazio
branco sobre branco
como luz tão clara que ofusca e desorienta
salto acrobático de um iniciante
polegar que é suco para minha água
e num gole....ahhhhh
sou um canibal!