Wednesday, July 12, 2006

O umbigo é o centro do mundo


Pequenos vermes se agrupam tremelicos, espumosos em suas bocas olhando para o gigantesco mostro da civilização. Não há estrelas mais belas que o olhar de terror lacrimoso de criaturas combustíveis para a máquina carcerária trituradora. Estamos em tempos difíceis. Tempos de guerra entre criminosos e criminosos que são polícia,que são política, que são escória e minoria armada. Estamos imóveis no meio da guerra do oportunismo escancarado, com náusea, dor de sacies,que só com o encostar de dedo na boca pode fazer regurgitar toda a indignação silenciosa dos que nada vêem e dos que nada querem ver.
Digo que não há mais poesia, nem arte, nem, música, nem beleza, nem delícia, que não seja produto à venda com data de fabricação e validade. Quem chega ates pega o melhor, por um bom custo benefício. É o mercado devorador de sonhos, devorador do sono dos maridos e das esposas.
A apatia é tanta que chega a derreter qualquer faísca de revolução. Nada de perguntas, nada de indagações nem vozes mais altas que a dos grandes senhores. Desde os anos 20 a revolução verdadeira sempre foi uma só, a do proletariado. Mas onde está o proletariado do Brasil? Será que se transformou num animal em extinção como tantos outros já dizimados?
Na floresta agora uivam os homens das cavernas, à procura da caça que corre, que nada, que voa. Agora correm velozes as pestes e bactérias, subindo pelas raízes e fazendo apodrecer o presente, fazendo denso o ar, fazendo azeda a água que corre sem cessar.
Gota em gota num barulho de eco lambuzado, onde o gato vai refrescar a língua a cada duas horas.
Eu tenho pena de ti Sr. Moderno. Tem tudo mas não tem dada. Vai se candidatar para a presidência da república com o rabo preso lá na entrada da porta de casa cidadão. Eu tenho pena de ti Sr. Modesto. Não tem nada mas tem tudo. Dá tudo que tem quanto tem um pouco de tudo. Sempre pouco!
Acostumamo-nos a viver com pouco. Pouca comida, pouca bebida, pouca educação, pouca música, pouca arte, pouco conforto, pouca mordomia.
A apatia pós-moderna adormecida, entorpecida, trancafiada, embalada, vendida e consumida, é transformada mais uma vez em apatia pós-moderna.Jovens são assim, lábios desejosos de beijos e olhos nas estrelas, ao seu redor nada! Nada importa, o umbigo é o centro do mundo.

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